sábado, 20 de fevereiro de 2010

PRIMEIRO RELATO DE EXPERIÊNCIA - Prof.Ms.Betty Pow

     A adolescência é um período conturbado em nossas vidas.
     Hoje mesmo me deparei com três garotas de no máximo 16 anos andando no meio da rua, falando alto sobre uma quarta garota. Elas riam que essa garota tinha 22 anos e nunca tinha beijado. Em determinado momento exclamaram que só poderia ser porque ela era feia. Três garotas adolescentes, bem vestidas, inclusive,poderia até afirmar que eram de classe média alta. E aí, com meu olhar reflexivo ( é porque tenho que exercitá-lo), observei-as e voltei à minha adolescência. Na verdade, recordei-me o quanto falar alto, rir alto, gesticular era um modo que encontrava para as pessoas me notar.       
    Ver até onde um adulto responderia. Essas garotas não tem nada de diferente das garotas e garotos que são meus alunos. Exceto a classe social deles que é em sua maioria bem inferior a dessas meninas.    
     Onde leciono, tenho alunos jovens e com os mesmos questionamentos. Uma em especial usou de todas as artimanhas para me atingir e conseguiu me conquistar. Ela falava o tempo todo na aula, usava celular, mp3, e pedia para ir ao banheiro com freqüência apenas para circular pela escola e ficar sem fazer nada. Não foi só isso.
     Chegou ao extremo de ficar se jogando na frente do meu carro na saída da escola para me provocar. Nessa ocasião em específico a mãe foi chamada na escola e chegou a me ameaçar se algo acontecesse com sua filha. A mãe não a agüentava mais. Dizia que eu a perseguia, que só havia a filha dela em sala.
     Era meu primeiro ano lecionando na rede pública de São Paulo. Era um tanto inexperiente com alunos desafiadores, mas após conversar com a mãe em uma segunda tentativa, decidi refletir sobre o meu comportamento dentro das salas. Comecei  me aproximar dessa aluna em específico,  valorizei seus problemas e a transformei em alguém importante através de suas atividades. Aprendi a ouvi-la. Claro que ainda não consegui que ela fosse 100% mas, a mudança já é visível no seu amadurecimento em relação a escolhas nas amizades. Ela decidiu se aproximar de uma das melhores alunas da sala para que eu visse que ela estava se esforçando. Minha opinião era importante para ela e eu não a decepcionei. Muitas vezes ouvir o que os alunos (ou até mesmo um colega de profissão) faz toda diferença.